4 de fevereiro de 2016

O charmoso gauchão

Enrico Cabrito não jogará o charmoso gauchão

Quem acompanha há mais tempo o blog sabe que os blogueiros e eu em particular sempre desdenhamos o campeonato gaúcho. Por várias razões.
Desde que eu me conheço por gente, a Federação Gaúcha de Futebol é controlada por colorados. Primeiro foi o Hoffmeister que, vejam só, era dono do Cruzeiro mas sabia-se ser mazembado. Depois o Perondi, conselheiro deles e agora este que está aí, do qual não precisa nem falar.
Daí para ter todo um esquema de favorecimento de arbitragens e de julgamentos era um passo.
Vocês mais novos acham ruins o careca com nome de veado francês ou o alemão de Lajeado? É porque não conheceram o trio ABC (Agomar, Barreto e Cavalheiro). Depois vieram outros não tão notórios. E outros notórios e igualmente "ruins". Ênfase para o Marsiglia e para o felizmente aposentado Simon. Aquele que numa prorrogação contou como tempo de jogo a troca de lado dos times.
No judiciário se viu e ouviu uma juíza (conselheira deles vejam só) condenar veementemente um jogador gremista e absolver um colorado pela mesma infração. "O fulano (do aterro, óbvio) não é marginal" foi a cândida razão para diferenciar as sentenças.
A outra razão, talvez mais importante, é de que o futebol ficou muito caro para os times de primeira linha perderem 4 meses do ano com um campeonato deficitário e que não leva a lugar nenhum. Prova disto? "O Grêmio está há 15 anos sem título" é o mantra. Ou seja, ganhar este campeonato ridículo não significa nada.
Mas o que acontecia todos os anos? O Grêmio através de suas direções, todas elas, não dava importância para o brinquedinho do Noveleto (que até já fez reunião para decidir regulamento em cruzeiro pelo Caribe) mas na hora agá, escalava os titulares. Hora agá no caso eram as última rodadas quando tinha de garantir a classificação e as finais do campeonato. E o que acontecia? Em virtude dos pontos perdidos com o time reserva decidia invariavelmente em desvantagem. A final na casa do adversário e os critérios de desempate contrários. Isto sem contar que animicamente o time não estava ligado na conquista, pois o torneio era disputado com a ideia de que não interessava.
Pois este ano, para meu desgosto, a direção decidiu que quer ganhar o torneio do sujeito aquele. E se decidiu isto, que faça o que deve ser feito: valorizar e colocar os titulares. E está fazendo. Se é para ganhar, que cheguemos com vantagem na decisão. E, neste caso, estão certos escalando os titulares agora. Sabemos que mais na frente haverá conflito de datas e os reservas deverão jogar. Tem de chegar lá com gordura para queimar.

Ah, mas porque não tentar ganhar a Primeira Liga? Eu penso que há duas razões para não privilegiá-la:

  1. O grande papel da Primeira Liga no início foi afrontar o poder vigente (CBF e Rede Globo). E conseguiram dobrá-los: a realização do torneio mesmo com a proibição da primeira (mico do ano) e o aumento das cotas de televisionamento com a entrada do EI na parada mostram que os primeiros objetivos foram atingidos. Os desdobramentos virão certamente e tenho certeza de que a partir do próximo ano este torneio será o mais importante do primeiro semestre.
  2. A direção deve ter feito uma avaliação e chegado à conclusão de que é mais fácil ganhar o charmosão do que a Copa Sul-Minas-Rio, que além disto, este ano tem um caráter amistoso.
Isto é o que penso. Não é informação.

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Mas falando em charmoso gauchão, ontem na segunda rodada, o famoso charme, o quase sex appeal deste torneio já apareceu. Tiveram de suspender a entrevista do Argéu por causa de um início de tiroteio do lado de fora do Passo da Areia.
Como já falou o Jonas Silveira nos comentários, o tiroteio e, acrescento eu, o uso de sinalizadores durante o jogo por parte dos mazembados vai ter uma consequência: vão tirar os trapos e os bumbos da Geral.
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Ao contrário do que muitos pensam nós não temos informações privilegiadas por conhecermos gente da direção. Pelo menos não na quantidade e frequência que gostaríamos.
Além disto, quando elas chegam, em conta-gotas, vem acompanhadas da recomendação expressa de que nem letrinha se pode dar. E como entendemos que o segredo é a alma do negócio e não queremos prejudicar as tratativas ficamos quietos.
Pois há cerca de 20 dias recebi um "zap zap": vamos dar um chapéu nos mazembados. E mais não foi dito.
Dez dias atrás veio outro: Henrique Almeida quer jogar no Grêmio, dizia. Isto enquanto toda a fabulosa e muito bem informada imprensa esportiva gaúcha anunciava todos os dias que ele estava certo com o time do aterro.
- Mas ele foi até assistir jogo nos camarotes do Remendão Pataxó, obtemperei (alá consegui usar esta palavra).
- Não importa. Estamos na butuca.
Ontem o chapéu foi dado. De manhã ele era mazembado. E os i$ento$ só informaram que "o inter desistiu de Henrique Almeida" (hahahahahahahahahahaha) quando ele já estava na Arena assinando o contrato.
Quantos dias vocês acham que leva para ser redigido um contrato com jogadores nos dias de hoje? Pois é.
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Sobre o jogador: Henrique Almeida teve um início rutilante e uma queda não menos impressionante. Vagou por alguns clubes sem sucesso até ressurgir no fraquíssimo time do Coritiba no ano passado.
As razões da oscilação podem ter sido, e provavelmente foi, o deslumbramento pela fama e o dinheiro que chega polpudo nas mãos de garotos promissores e imaturos.
Se foi isto e ele se aprumou no Coritiba, estamos diante de uma grande contratação. Mas como diz o sujeito aquele, "o futuro é quem dirá".
Pessoalmente acho que vale o risco e acredito no sucesso dele.
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A explicação para a desistência deles em contratar o Henrique Almeida foi de que havia um grande risco jurídico e não gostariam de ter de pagar 20 milhões para o Botafogo ali na frente.
O hilário é que no início da noite saiu a notícia de que voltaram a negociar com o Demonhão. Preferem arriscar pagar 80 milhões para o Santos do que 20 para o Botafogo. Certo? Agenda positiva nunca tem folga.
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Mas eu falei em dar um chapéu? Saibam que a fábrica de chapéus ainda está funcionando.