26 de novembro de 2015

Daniel Matador - Jamais nos matarão

"Paulo Pelaipe e o lateral Patrício levaram um susto com o gemido que ouviram, bem atrás de uma porta. O som lembrava alguém ferido, talvez muito machucado. Em seguida, veio o grito:
- AHAHAHAHAHAH!
Aí, um estrondo. Domingos havia acertado a porta de madeira do vestiário, uma das internas, com uma certeira voadora. A porta rachou bem no meio e o marco soltou. Empunhando o marco da porta com as duas mãos, como um tacape, Domingos começou a quebrar tudo que encontrava pela frente. Primeiro as pias, depois os espelhos, os bidês, os bancos, as torneiras, os canos e os chuveiros. Batia com o pedaço de pau e gritava:
- Estão nos roubando, estão nos roubando!"


Trecho de 71 Segundos - O Jogo de uma Vida

Jamais nos matarão: a frase que tornou-se um mantra.


Caros

Este não é um post para relembrar tudo o que ocorreu no épico 26 de novembro de 2005. É fácil resgatar a história em uma época de internet. Em uma rápida pesquisa no Youtube acha-se o jogo completo entre Grêmio e Náutico no Estádio dos Aflitos. A esta altura, a não ser que você seja um marciano recém chegado à Terra, saberá que o Grêmio retornou ao lugar de onde os grandes não devem sair. Mas que, por capricho do destino ou incompetência gerencial (e até mesmo uma junção de ambos), por vezes acontece. Mas, como diz o ditado, grande não é aquele que nunca caiu, mas sim aquele que foi capaz de levantar.

Mas esta época onde qualquer um tem voz em algum tipo de ferramenta na internet, onde redes sociais criam personagens e retardados, cabem algumas considerações que muitos talvez já tenham feito, mas que outros tantos insistem em não entender. Seja por burrice ou mau-caratismo (ou uma junção de ambos, sendo repetitivo no termo). Para ser bem didático, resolvi distribuir a explicação por tópicos. Sabe como é, o déficit de atenção é um problema que tem atingido uma grande camada da população, então a gente tenta explicar como se fosse para criança. Vamos lá.



Djalma Beltrami, o ladrão que acabou transformando um simples jogo em uma batalha épica.



1) O Grêmio e seus torcedores comemoram título de Série B como se fosse uma grande conquista. ERRADO!
O Grêmio é um dos raros clubes que já conquistou tudo que um clube de futebol poderia conquistar mundo afora. E repetiu várias das conquistas. É um multicampeão. Ninguém comemora título de Série B. Se o Grêmio tivesse goleado o Náutico naquele jogo e fosse campeão, nem estaríamos aqui falando sobre isso agora. Seria um troféu tão importante quanto a Copa Phillips (que conquistamos duas vezes, diga-se de passagem), o Troféu Palma de Mallorca (que conquistamos na própria Espanha, ganhando na final do Barcelona, antes de muitos) ou a Copa Los Angeles. O que comemora-se é a FORMA como esta taça foi erguida, e não o título em si. Entendido? Não? Então nem continue a leitura, você com certeza faz parte do pessoal burro ou mau caráter que citamos lá no início do post. Ou segue aí, de repente tu aprendes alguma coisa.



Galatto defendeu o segundo pênalti de maneira milagrosa, dando início aos históricos 71 segundos.

2) O Grêmio e seus torcedores tentam se convencer (e convencer os outros) que a conquista da Série B é coisa de clube grande. ERRADO!
É ÓBVIO que conquistar torneios menores não é coisa de clube grande, seu retardado! Qualquer elemento com dois neurônios sabe disso. Os torneio menores servem para fazer volume na sala de troféus e era isso. Quem tenta se convencer do contrário tem sérios problemas. A missão do clube grande (e aqui falamos do G12, os maiores e mais tradicionais clube do Brasil) quando disputa um campeonato como a Série B é obviamente retornar à Série A. Erguer a taça, nesse caso, pode vir a ser uma consequência. Nada além disso.

Sandro Goiano foi o capitão do time e um dos pilares daquela equipe no jogo.


3) O Grêmio que tornou aquela final difícil, time grande tem que patrolar sempre os pequenos. ERRADO!
Eu nem deveria explicar uma asneira dessas, mas como o lance aqui é ensinar criança, vamos lá. Na grande maioria dos casos, um clube grande e tradicional costuma sobressair-se sobre um clube menor e com menos tradição. NA GRANDE MAIORIA DOS CASOS! Não no último jogo do campeonato, onde tudo poderia acontecer e tudo conspirou contra. O grande ponto é que aquele jogo foi atípico. Algo que nunca mais acontecerá na história do futebol mundial. Dois pênaltis não convertidos pelo adversário, quatro expulsões e um estádio lotado torcendo contra. O dia em que ocorrer algo parecido, aí a gente volta a conversar. Até lá, podem botar isso aí na conta das probabilidades que acontecem uma vez a cada século.


Por fim, caro elemento que talvez tenha chegado até aqui e que ainda ache que o Grêmio ou seus torcedores não devem comemorar a Batalha dos Aflitos: desista do futebol, cara. Só quem torce para o Grêmio e viveu aquele dia tem condições de entender o que ocorreu. Mais ninguém. E não é nenhum pseudo-babaca que vai ter a pachorra de querer ensinar a forma como lembramos ou comemoramos nossos feitos.

Hoje esta data histórica completa 10 anos. Aquele 26 de novembro de 2005 foi épico. Foi histórico. Foi memorável. Ele irá ecoar até o fim dos tempos como a maior batalha campal que o futebol já viu. E o Grêmio saiu dela da forma como entrou: imortal. Porque, nesta vida, somente uma coisa é certa: JAMAIS NOS MATARÃO!

Saudações Imortais