2 de outubro de 2015

Apocalipse now

Giuliano estava visivelmente emocionado e chorando ao final do jogo. Notícias do vestiário dizem que a tristeza e o desânimo que se abateu sobre o grupo foi grande.
Do lado de cá também muitos choraram e muitos se abateram.
E cada um protestou do seu jeito.
Há os mais contidos. E há os raivosos. Para estes últimos o apocalipse chegou. Nenhum jogador "pode fardar" o uniforme tricolor. Ninguém presta. A vida é um ódio só. Cada um elege seu vilão predileto. Luan, preferencialmente. Douglas, Marcelo Oliveira. Se garimparmos bem, ninguém escapou da fúria condenatória.
O irônico é que desta vez, a certeza do bom trabalho que estava sendo realizado criou muito mais expectativas do que nos anos anteriores. Por conta disto a frustração foi ampliada. E da frustração à terra arrasada não precisa nem pegar ônibus. Elas são vizinhas.
Mas há também, em menor número os mais serenos e que olham para a frente. Pensam na penúria financeira que o clube vive há 15 anos. Mas acreditam na perspectiva que se aproxima logo ali.
No caso, para os raivosos, estes são os "conformados". São os "chapas-branca". Os que não se importam em ganhar títulos.
Quem conhece o mínimo das coisas internas sabe que o Grêmio tem vendido o almoço para comprar a janta. Quem reclama da contratação do Braian e outros do mesmo nível pensa que Messi e Neymar só não estão no tricolor porque a direção não quer. Não. Estes jogadores são o que se pode pagar.
Quem corneteou a contratação do Maicon e agora a festeja, não sabe que o Grêmio terá de desembolsar quase R$10 milhões se quiser mantê-lo. Pelo Maicon! Dez milhões.
O futebol está muito caro e não há perspectivas de curto prazo que isto mude.
Então por que não investir na base? É o que está sendo feito, mas todo time que tem maioria de garotos está mais próximo da desgraça do que da glória. Isto é história, não opinião. Esquecem o que aconteceu no início do ano no ruralito?

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Sim, estamos há 15 anos sem título significativo. E isto pesa. Pesa muito. É pior do que jogar com bolas de ferro penduradas nas canelas.
O time, visivelmente entrou nervoso na quarta. Giuliano fez o diagnóstico correto no intervalo. "Estamos confundindo velocidade com afobação", ele falou. E continuou assim até o gol de empate.
Depois foi na empolgação e na raça. Não deu por detalhes.
Sim, vai ter comentários de que "profissionais são pagos para isto". Sim, outros dirão que "se não consegue aguentar pressão vai trabalhar no Banco do Brasil".
Claro, garotos de 18, 20, 25 anos tem de olhar para 50 mil pessoas sedentas de títulos e não sentir a responsabilidade. Ou, sentindo-a, encarar com a naturalidade e tranquilidade de quem está tomando um sorvete.
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O mais importante de tudo foi o que Roger falou ontem:
A gente não deve simplesmente dizer que é do esporte, que faz parte. Tem que nos permitir sofrer hoje (quarta-feira), amanhã (quinta) e pronto. Porque o futebol não te permite ficar muito tempo lamentando. Tem que saber sofrer e tão logo ficar em prontidão.
Assim é a vida. O importante é jogar tudo nestas últimas 10 rodadas. Como consolo para a eliminação haverá mais tempo para treinos e para jogar o melhor que conseguimos jogar. E ficar na espreita. Se o líder bobear, talvez dê para beliscar algo grande. Improvável sim. Mas possível.
O que não pode é sair do G3 por desânimo e como consequência da eliminação de quarta-feira.
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E também não pode é cair na pilha dos i$ento$ barato$. O Grêmio perdeu a classificação com dois empates e está sendo trucidado.
Os outros perderam com derrota e esta foi considerada "alvissareira", "promissora", "blá-blá-blá".
Claro, que lá é mais fácil porque sempre ganham título. Ano sim outro também.
Não sei se o tempo passa só para mim, mas nas minhas contas já faz 6 anos que eles também não ganham nada.