6 de janeiro de 2015

Daniel Matador - Vesti Azul



“Estava na tristeza que dava dó

Vivia vagamente e andava só

Mas eis que de repente

Me apareceu um brotinho lindo

Que me convenceu...



Dizendo que eu devia

Vestir azul

Que azul é cor do céu

E seu olhar também

Então o seu pedido

Me incentivou...



Vesti azul!

Minha sorte então mudou”

Trecho de “Vesti Azul”, de Wilson Simonal



Caros

Não se fala em outra coisa nas rodas de discussão gremistas nos últimos dias. Todos só querem saber da nova camisa tricolor confeccionada pela Umbro. O clube e a fabricante liberaram alguns pequenos spoilers nas redes sociais. Somente algumas imagens mostrando pequenos detalhes do novo fardamento. Aliás, ressalte-se o sucesso obtido com o não vazamento da camisa até o momento. Isso aumenta a expectativa para o dia do lançamento. Informação importante: no próximo dia 8, quando teremos a apresentação oficial, a camisa já estará disponível para venda na Grêmio Mania da Arena. Ou seja, quem for até lá prestigiar, poderá adquirir o novo manto no mesmo dia.

Já havíamos citado um pouco da história recente da Umbro no post intitulado "O Manto Sagrado" (clique aqui para ler). Desde seu ocaso quando foi adquirida pela Nike (que destroçou a marca e arrebatou os principais clientes) até sua venda para o atual controlador, o grupo americano Iconix. Neste post, além dos primórdios da nova parceira tricolor, focaremos outro aspecto atual muito interessante para a torcida gremista.

A Umbro foi fundada por Harold Charles Humphreys e seu irmão Wallace. Harold deixou a escola com pouco menos de 14 anos de idade para trabalhar em uma indústria têxtil em Manchester, onde sua primeira tarefa foi espanar e polir os corrimões de uma escadaria de sete andares. Curioso e perseverante, foi sendo promovido até chegar ao departamento de camisaria da empresa. Após um período difícil que assolou a Inglaterra e o deixou durante uma semana sem trabalho, acabou em uma empresa de roupas esportivas chamada “Messrs. Bucks”, que futuramente tornaria-se seu principal concorrente. Trabalhou ali como vendedor ambulante, deixando o emprego por não enxergar oportunidades de crescimento.

Passou então a vender roupas cuja produção ele mesmo esquematizava através de um sistema de parceria com moças que costuravam camisetas em suas próprias casas durante a noite, após as lides domésticas. Seus pais administravam um pequeno hotel na cidade e cederam-lhe um armário onde pôde guardar seu estoque inicial. Em 1924, aos 22 anos, Harold decidiu que deveria entrar no mercado atacadista. Uniu-se então a seu irmão Wallace e registrou a companhia sob o nome de “Humphreys Brothers Limited”. As roupas produzidas eram etiquetadas com a sigla “Umbro”, um nome comercial que utilizava as letras iniciais de Humphreys Brothers.

A partir daí a empresa iniciou a trajetória que a transformaria na maior companhia do setor. Os 4 primeiros títulos mundiais do Brasil foram conquistados trajando Umbro. Foi ela também uma das pioneiras em lançar kits de fardamentos infantis oficiais, a fim de que as crianças pudessem usar a mesma camisa de seus ídolos do futebol (prática esta muito difundida no Rio Grande do Sul). Também foi uma das primeiras grifes a patrocinar atletas individualmente, como Pelé, Maradona, Bobby Moore e George Best. Das 16 seleções participantes da Copa do Mundo de 1966, 15 usavam Umbro, incluindo aí a campeã Inglaterra. O foco no futebol virou uma marca registrada, sendo que o slogan da campanha Only Football foi utilizado por muito tempo. Depois disso, a história já é conhecida, conforme citamos naquele nosso já profético post de junho de 2013.

Um ponto a ser ressaltado é que, assim como ocorre com praticamente todas as grifes mundiais, a Umbro também possui grandes companhias que atuam como representantes da marca nos mercados mundo afora. Estas empresas possuem a representação e autorização da Umbro para produzir seus fardamentos, trajes de passeio e calçados, tendo que atender os níveis de exigência e qualidade estabelecidos pela matriz na Inglaterra. E aqui temos um detalhe interessante para a torcida do Grêmio.

O representante exclusivo da marca para a América Latina é o Grupo Dass, sediado em Santa Catarina. O grupo é um gigante no segmento, com cerca de 14 fábricas (sendo 2 no exterior e 3 no Rio Grande do Sul) e emprega mais de 10 mil funcionários. O fundador que comanda a empresa junto com outros dois sócios, Vilson Hermes, é gremista. Óbvio que qualquer empresário produziria a camisa de qualquer clube, afinal, é um negócio. Mas é impossível não imaginar o prazer que deve ser produzir a camisa do time do coração. Eu, particularmente, não consigo imaginar qual seria a minha emoção caso fosse o dono da empresa que confeccionasse a camisa do Grêmio. Neste ponto, o atual slogan da Umbro provavelmente será seguido à risca também durante o processo produtivo: Heart and Soul (coração e alma).

Naquele emblemático ano de 1966, onde quase todas as seleções da Copa do Mundo trajavam Umbro, Wilson Simonal gravou um de seus grandes sucessos, a música "Vesti Azul". Na canção, um cidadão que estava na pior começa a se dar bem após ser convencido por uma linda moça a usar roupa na cor azul. Pode-se até não acreditar em coincidências, bruxarias ou mesmo mágica. Mas, como na letra da música, todos iremos vestir azul. O azul do Grêmio. O azul da Umbro. E torcemos para que nossa sorte também possa mudar.

Saudações Imortais