12 de outubro de 2014

A vitória dos argentinos


Texto enviado pelo leitor Jonas Bernardes Silveira

Muito se fala que o Grêmio representa a tradição do futebol do Prata, aguerrido, de imposição física. Não deixa de ser verdade. O Palmeiras, no entanto, jogou o futebol que todos torcemos para o Grêmio jogar...foram muito mais “argentinos”.

Mesmo com os hermanos Cristaldo, Mouche e Tobio em campo, não há jogador mais argentino que o chileno Valdívia. Ele não é caçado em campo, como qualquer estatística fará parecer, ele é a isca. Cola a bola no pé, escondida do alcance do adversário e espera pra ver o que vai acontecer. Coisa que ninguém no Grêmio faz, nem mesmo os três argentinos que escalamos. É ridiculamente efetivo, até por que é uma grande sacanagem.

O Palmeiras abriu a caixa de ferramentas cedo e sacaneou o jogo inteiro. Em todas as divididas e disputas de bola eles usaram os braços acintosamente. Falta ao Grêmio fazer um pouco disso também: jogar com o corpo. Bater por baixo, nos calcanhares, é pedir pra tomar amarelo; por cima a coisa muda de figura, especialmente quando o choque é apenas com o corpo. Foi isso que Lucas Coelho entrou fazendo, mas um jogador apenas não consegue se impor fisicamente contra todo o time adversário.

Faltou ao Grêmio, após seu gol, enrolar a partida. Times defensivos que abrem o placar fora de casa tem que saber “acabar com o jogo”. Faz muito tempo que o Grêmio não consegue prender a bola no ataque, nem mesmo pelo tempo necessário pra que a marcação adiantada do adversário dê espaço para voltar a bola aos zagueiros, precisamente o que o Palmeiras fez após seu segundo gol.

O leitor certamente percebeu que não mencionei o “Árbitro da Copa” até o momento. É claro que o Grêmio foi fulminado pela arbitragem desigual e complacente que expulsou Barcos injustamente e praticamente passou 90 minutos apitando com dois critérios separados. O problema é que isso vai continuar acontecendo pra sempre, nem adianta discutir. Gritar às rádios e invadir o campo após o jogo, com todo o respeito ao competente Rui Costa, é absolutamente inútil. O Grêmio é odiado e isso não vai mudar.

Não podemos pedir justiça da arbitragem nacional, como não podemos pedir do “Tribunal” desportivo. Sabemos quem são. Esperar que eles mudem é ser tão ingênuo quanto o Barcos em seu voluntarioso bote na intermediária.
O que resta ao Grêmio, pela mais absoluta falta de opção, é fazer o que o Palmeiras fez, jogar no limite permitido pela regra e seja o que Deus quiser.

Felipão é um excelente treinador. Tem time que toma cinco gols sem nem ser garfado. O Grêmio é sempre garfado e demora dez jogos pra tomar cinco gols. O grupo, por mais que possa parecer, também não é ruim. Temos zagueiros e volantes no banco que seriam titulares em muitos clubes do campeonato e uma defesa consistente mesmo sem conseguir repetir o time. Finalmente podemos dizer que não há jogo que o Tricolor não possa ganhar, pois o time será sempre competitivo.

Precisamos vencer ao menos três das próximas quatro partidas, depois vamos pra guerra contra adversários diretos. É nesses jogos que o Imortal  precisa repetir o futebol “argentino” do Palmeiras.