17 de julho de 2014

Avalanche Tricolor: para matar a saudade

Ele é, talvez, o melhor âncora do rádio brasileiro. E é seguramente, o gremista mais lírico e apaixonado entre os blogueiros tricolores.
Talvez por ser exilado em São Paulo, que é bem mais longe do que o meu exílio em Floripa. Talvez por ter nascido no pátio do Olímpico Monumental. Talvez pela genética. Talvez por ter ainda a alma de uma criança. Não importa.
Importa que escreve como poucos. Importa que concordou que o blog compartilhasse seus posts para os leitores.
Pena que a estréia não fala sobre uma grande vitória. Pena? Não estou muito certo. Quem escreveria uma crítica ácida de forma tão apaixonada?
Vamos ao que interessa então: Milton Jung.

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Estava com saudades do Grêmio. Imagino que você, caro e raro leitor gremista deste blog, também estivesse. Depois da overdose de Copa, com seu cerimonial pré-jogo, partidas bem jogadas, arenas lotadas e cenas incríveis registradas por mais de uma dezena de câmeras, não via hora de voltar a realidade do futebol brasileiro. Por estar de férias, cheguei a planejar um retorno em alto estilo, com viagem a Porto Alegre e direito a ingresso para ver o Grêmio, ao vivo, pela primeira vez na Arena. Sim, eu confesso envergonhado: até hoje não consegui chegar perto do nosso novo e bonito estádio. E não foi desta vez, pois intempéries familiares me impediram de viajar. Restava-me repetir a tática das partidas anteriores – ficar sofrendo em frente a televisão – com a vantagem de não ter de acordar de madrugada no dia seguinte, o que me permitiu abrir uma garrafa de vinho e cantarolar enquanto a bola não rolava: “eu sou Borracho, sim senhor/ E bebo todas que vier/ Canto pro meu tricolor/ Meu único amor/ E dale daaaaaaaale Tricolor…

Apesar da viagem frustrada, havia outras expectativas para o jogo desta noite de quarta-feira. A começar pela estreia de Giuliano de quem mais ouvi falar do que vi jogar, pois nunca fui de prestar atenção no desempenho da turma lá próxima do Guaíba. Meu pai, que entende de futebol bem mais do que eu e acompanha de perto as coisas que acontecem entre o Humaitá e a Praia de Belas, por telefone, me garantiu que o cara joga bola de verdade e voltou ao Brasil fisicamente mais forte (e parece que feliz pela oportunidade de jogar pela primeira vez em um grande time brasileiro – calma, isso é só uma brincadeira!). Pelo que se percebeu em campo, realmente pode ajudar na campanha deste ano. Além dele, havia algumas trocas de posição, como a presença de Saimon na lateral esquerda, Geromel de titular na zaga, um meio de campo redistribuído e o ataque com esperança renovada. Sem contar o banco mais bem reforçado. Ou seja, Enderson Moreira tinha mais recursos em mãos.

Noventa e poucos minutos e uma garrafa de vinho depois, vimos que a frustração não se resumiu a viagem não realizada. Assim como no primeiro semestre do ano, os gols seguem sendo peças raras do nosso lado. E para deixar a coisa ainda mais angustiante, a bolinha que aparece na tevê para anunciar gols nos outros jogos da rodada insistia em saltitar à minha frente para provar que era possível marcar. Nós é que não sabemos como. Justiça seja feita, não faltaram tentativas de gols, com chutes para um lado e para o outro, alguns bem mais para cima do que para os lados. Houve até bola no poste e por cobertura. Nenhuma, porém, fez a gentileza de entrar. Quem entrou bem foi Dudu, esforçado, driblando, tentando cruzar para área, como sempre fez desde que esteve no time. Luan deu sinais de que pode entregar o futebol que promete ter. Barcos segue tentando. E Pará, pintou o cabelo com a mesma tinta de Daniel alves, esta sim a mudança mais visível em relação ao primeiro semestre.

De resto, o Grêmio matou a minha saudade (e entenda isso da maneira que bem quiser).